miércoles, 6 de abril de 2016

Aprendi a viver sem você

Não, já não dói. Com o tempo nos damos conta de que pouco a pouco as feridas cicatrizam e deixam de doer. Nós damos conta de que precisamos, de que queremos seguir a diante.
Parece que foi ontem. Me matava por dentro que você tivesse desaparecido que pouco a pouco você se desvanecesse diante dos meus olhos sem me dar tempo a reacionar, a digerir, a entender. Eu precisava de você, muito, mas voce já não estava e sua ausência começou a se convertir em uma perda, em um sofrimento. Como algo que foi tão real, tão próximo, pode passar a ser algo que praticamente desconhecido? Deixei de te conhecer, era sua cara, sua voz, mas já não era você.
Ainda assim, me descobria a mim mesmo observando a sua foto de perfil. Droga, me matava por dentro, matava acreditar que a gente tinha terminado, que tudo o que a gente tinha vivido, compartido, tinha ido para não voltar. E te guardei, dentro e fora de mim. No alto do armário, por si talvez algum dia eu voltasse a te ver como essa parte de mim, como um tesouro esquecido. Mas um talvez sempre é uma forma de escapar. É o medo disfarçado em duvida que puxa para trás, que te impede seguir seu propio caminho.
Pouco a pouco, muito pouco a pouco, deixei de acordar e deitar pensando em você, deixei de contar as palavras medidas para não te ferir. Esqueci as verdades omitidas, as ilusões reprimidas e a ingenuidade tímida dos meus sonhos. Deixei de perseguir "talvezes" e lembrei o que fomos para entender porque hoje não somos.
Peguei nossas lembranças do alto do armário e as guardei em uma caixa, não para esquecerlos, senão para conservarlos, guardar na melhor parte de mim. E me senti afortunada ao contemplarla, ao entender que às vezes as coisas que merecem a pena na vida são as que deixam feridas expostas, feridas que se curam com o tempo é que permitemseguir adiante com uma valiosa vivência. Com uma valiosa lembrança que já não dói nem reclama.
Mudei o "nos" para convertir em "eu", nesse "eu" esquecido durante tanto tempo. 
E agora sim, decido fechar as caixas para sempre, as fotos, as lembranças , essa coleção de vida que marca a diferença entre o que algum dia tive e o que eu ja perdi.

Fico com as imagens das minhas lembranças, cuidadosamente selecionadas e que carinhosamente resumem o que você foi, o que fomos, o que sou.

Por tudo maravilhoso que você me deu, por tudo maravilhoso que te dei, te reservo em um lugar privilegiado em minha memória. Sem medo, nem rancor, porque nós, os de então, já não somos os mesmos.

Te desejo o melhor, me desejo o melhor. 


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